Os voluntários da Comunidade Vida e Paz apoiam todas as noites 428 pessoas que vivem na rua ou em habitações precárias na cidade de Lisboa, representando um investimento anual de 465 mil euros, revela um estudo da instituição.
Dos 465 mil euros investidos, apenas cerca de 20 por cento se traduzem em dinheiro, sendo que perto de metade dos recursos consumidos são bens e serviços e os restantes 30% assumem a forma de tempo de voluntariado, adianta o Relatório da Avaliação de Impacto Social das Equipas de Rua da Comunidade Vida e Paz.
Os doadores são a "fonte de financiamento mais importante" do trabalho realizado por estas equipas, suportando cerca de 65% da atividade, seguidos pelos voluntários regulares (30%), voluntários empresariais (3%) e parceiros institucionais (2%).
Em média, as 56 equipas de rua distribuem por dia 446 ceias e contactam cerca de 428 sem-abrigo, estabelecendo com eles cerca de 144 conversas.
"Isto significa um total estimado de 156.220 contactos com pessoas sem-abrigo por ano, dos quais aproximadamente 27% resultam em algum tipo de relação (conversa, laços de amizade, apoio em problemas)", refere o documento publicado no site da instituição de apoio.
Como resultado deste trabalho, em média, 205 pessoas sem-abrigo são sinalizadas anualmente para o Espaço Aberto ao Diálogo da instituição, a partir de onde são encaminhadas para apoios que as ajudem a sair da rua e a reinserir-se na sociedade.
Para a realização desta atividade, a Comunidade Vida e Paz conta anualmente com a ajuda de 504 voluntários regulares e de 504 colaboradores provenientes de 19 empresas.
O estudo demonstra que estas equipas contribuem para várias "mudanças positivas": os sem-abrigo sentem-se menos sós, sofrem menos com fome por receberem diariamente uma ceia e beneficiam de apoios que podem levar à sua saída permanente da rua.
Os voluntários "sentem-se mais humanos e realizados" devido ao apoio que prestam aos sem-abrigo e as empresas que participam nos circuitos noturnos têm colaboradores mais motivados.
Anualmente, as equipas de rua geram "um impacto positivo" equivalente a 763.781 euros, um valor que "pode ser interpretado como um indicador do bem-estar que a sociedade perderia anualmente" se estas equipas deixassem de existir, sublinha o documento, precisando que por cada euro investido nesta atividade é gerado um valor social de 1,6 euros.
O estudo verificou que "o benefício gerador de um maior valor social não se destina às pessoas sem-abrigo de Lisboa, mas sim aos voluntários regulares".
A humanização e realização pessoal dos voluntários regulares é o benefício com maior impacto produzido (54%), seguido do encaminhamento de sem-abrigo para apoios (26%), da diminuição da fome (11%) e da redução da solidão das pessoas apoiadas (6%).
Como medidas para aumentar o impacto social das equipas de rua, o relatório aponta o reforço das relações entre os voluntários e os sem-abrigo, o desenvolvimento do voluntariado empresarial, repensar o investimento depositado na distribuição de ceias para o tornar mais eficiente e monitorizar o caminho percorrido pelos beneficiários até à sua reintegração na sociedade.
Daqui.
1 comentário:
Que trabalho fantástico! Faço regularmente donativos para apoiar os sem abrigo através da AND Associação Nova Dimensão que apoia todas as terças feiras em Lisboa estes sem abrigo e não há palavras para expressar a força que ganhamos por ajudar os outros. Obrigado por partilharem estas notícias
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