06/08/07

Testemunho de Voluntariado - Dar e receber

Dar e receber

Sempre que damos algo a alguém, esperamos algo em troca!… Pode isto até ser uma contradição, pois devemos dar sem nunca esperar algo em troca, contudo, quando me refiro que esperamos algo em troca, refiro-me a um simples sorriso

Com apenas 14/15 anos comecei a fazer voluntariado com crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos, crianças essas que tinham certas dificuldades económicas e até mesmo alguma carência de carinho, de atenção por parte dos seus pais. Dava uma hora da minha semana para poder ajudá-los nos trabalhos de casa e assim que os terminavam íamos todos para o recreio.
No início, sentia-me um pouco desorientada no sentido de ter quase a mesma idade deles, por não saber lidar com certas situações tais como não ceder a tudo o que me pediam… Com o tempo fui apreendendo a lidar com eles e foi-se criando uma ligação muito grande entre nós, chegando mesmo a chamarem-me de "MÃE" e essa foi uma das maiores recompensas que tive até hoje, pois sentia que o tempo que passava com eles era precioso, apesar de precisar também dele. Enfim, o que eles precisavam era simplesmente de uma hora minha, e sobretudo de carinho, de quem os ouvisse, brincasse com eles.
Considero o voluntariado uma das actividades mais enriquecedoras que se pode ter… Damos um pouco de nós mesmos (e não custa nada!), e recebemos sorrisos de felicidade.
Apreendi a ser "mãe", apesar de não o ser biologicamente, a sentir um aperto no peito de preocupação pelo que via, dado que algumas crianças apresentavam manchas no corpo, possivelmente fruto de maus tratos. Ao ser voluntária, e sentindo-me um bocadinho como "mãe", como já disse, aprendi que ser "mãe" simplesmente dessa forma é a sê-lo pelo carinho a que estamos dispostos a dar!
Ao fim de dois anos, infelizmente, tive de deixar o voluntariado, pois fui para o secundário e o horário que tinha não dava para o fazer. Nunca mais vi “os meus pequeninos”, mas nunca deixei de pensar neles, de imaginá-los a crescer mesmo que longe dos meus olhos, mas não do coração…
Não há maior felicidade que fazer os outros felizes!...
Testemunho verídico de: Ana Rita, 18 anos

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