26/08/14

Juventude

As férias de Verão
Por Inês Garcia

As férias de verão já chegaram há algum tempo, mas para aqueles que agora acabaram a sua formação, chega a parte em que procuram emprego. Para muitos essa será uma luta de muitos meses, para alguns poderá mesmo chegar a um ano ou mais, altura em que param de procurar. Alguns com desejo olham para fora do país, outros param de procurar, desmotivados pela falta de respostas.

Não faltam, se procurarmos, empresas de recursos humanos, páginas e blogs com propostas de emprego e conselhos que prometem ajudar na procura de emprego. Entre esses conselhos poderemos encontrar vários que nos dizem que devemos manter-nos em constante aprendizagem, sempre a acumular novas experiências, novas competências, com cursos, formações, ou voluntariado, por exemplo.

Para os jovens que procuram emprego torna-se difícil conceber uma realidade em que acabada a sua formação, seja ela qual for, têm ainda que pagar por formações complementares. Para muitos é inconcebível pagar por cursos, muitos de nós, jovens, não temos o poder financeiro para fazer novas formações, especialmente no Verão, em que pretendemos levar uma vida descansada, ir à praia, "curtir" com os amigos, ir a festas, etc.

Torna-se ainda mais difícil procurar emprego, mandar currículos para todos os lados, o que se vai tornando cansativo e mesmo infrutífero, porque simplesmente, se não tivermos tirado gestão, economia ou qualquer outra formação nessa área, somos "pouco interessantes" para o mercado de trabalho.

Há estudos que dizem que fazer voluntariado é uma excelente forma de conseguir manter essas competências em constante atualização. Há que ser, necessariamente, inteligente nos projetos a aderir, mas eu, como dirigente associativa, vejo o quão difícil é incentivar os jovens a participar nessas causas, sejam elas qual forem, mesmo quando o que se requer aos jovens é simplesmente aparecer.

O nosso distrito, de Setúbal, é particularmente pobre em tecido associativo. As associações juvenis são inexistentes no concelho de Setúbal e têm uma fraca expressão (pelo menos) em Palmela, são essas as realidades mais próximas que eu conheço. Vejo que o que mexe os jovens são as festas, aquelas com a música bem alta, que não permita aos jovens conversar, em que as competências desenvolvidas são a dança e a conversa fútil.

Não é fácil fazer trabalho de voluntariado, mas vou-vos dar a minha experiência. Aprende-se bastante, trocam-se muitos conhecimentos. Existe um sentimento de partilha, quando estamos envolvidos numa associação, se ela for juvenil, encontraremos pessoas com as quais partilhamos muitos interesses, encontramos pessoas com quem aprendemos.

Aprendemos a "fazer acontecer", emprestamos uns aos outros, ajudamo-nos, e, numa associação juvenil, pelas largas dificuldades que enfrentam, pela falta de apoios, contamos apenas uns com os outros se queremos ver alguma ação ser realizada. Isso melhora as nossas competências sociais, no mínimo, mas também de organização, porque qualquer associação deve obedecer a estatutos definidos, devemos prestar contas aos sócios (os que existem) e temos que lutar por apoios. Por isso acreditem, ganhamos competências.

Podem-me dizer que depois de tirarem um curso querem é trabalhar. Trabalhar de graça não é para ninguém, não estão para isso. Pois bem, eu subscrevo, mas a inércia é o pior que nos pode acontecer. Se derem uma oportunidade a uma associação perto de vocês, se se juntarem a um movimento de voluntariado verão que aprenderão muito mais do que estavam à espera. E talvez com esse enriquecimento no vosso currículo mostrem ao recrutador que são "desenrascados", interessados e auto-suficientes, e vão-se distinguir de todos aqueles que têm uma formação semelhante.

Daqui.

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