22/08/15

Quem são os voluntários do Coração Amarelo?

Nuns casos é uma vizinha, um amigo, uma assistente social quem dá o alerta, noutros, são os próprios que telefonam e pedem apoio — e hoje em dia até já é possível dizer “quero companhia” através do site na Internet da associação Coração Amarelo que, como tantas outras coisas nesta casa, foi desenhado e concebido em regime de voluntariado.
Nem toda a gente tem jeito para ir fazer companhia às pessoas, explica a presidente da delegação de Lisboa. Mas há quem se ofereça para apoiar de outra forma uma causa com a qual se identifica. Maria d’Assunção Cruz dá um exemplo: um empresário de construção civil que dizia que para visitar os idosos semanalmente não tinha perfil, mas que já pôs os seus funcionários a pintar casas, a arranjar esquentadores, a colocar corrimões e a tratar de ligações eléctricas. “Sinalizamos dezenas de vezes casas quase em curto-circuito”, conta a presidente.
Também há um economista. “No ano passado fez um questionário de satisfação aos beneficiários. Depois os questionários foram trabalhados na casa dos beneficiários por alunos da Universidade Católica e da Nova.” E há ainda um sociólogo, que fez a história da associação. “Ninguém sai daqui sem trabalho.”
O voluntário “tradicional” da associação é, contudo, o que faz visitas. Nos primeiros encontros com quem se propõe a apoiar, Maria d’Assunção Cruz, aposentada da Segurança Social, procura avaliar perfis. E encaixá-los com os perfis dos beneficiários. Tem resultado: em média, as amizades que a Associação Coração Amarelo semeia duram dois anos e meio. Na verdade, duram muitas vezes até ao fim da vida.
Como é que se constroem “pares” que resultem? “Há pessoas que adoram ler em voz alta e idosos que sempre adoraram ler mas já não conseguem ver. Há uma ex-professora de Filosofia que se queixava de nunca mais ter conseguido conversar sobre Filosofia com ninguém, desde que tinha deixado de dar aulas. Escolhemos um diplomado em Filosofia para lhe apresentar, o que foi uma grande alegria para ela.” Apenas exemplos.
Todos os voluntários recebem formação. Cada um acompanha um beneficiário — um mínimo de duas horas por semana é o que se pede. Olhando para o universo de Lisboa, a maioria dos voluntários têm entre 41 e 80 anos. Mas há pessoas de todas as idades — dos 18 aos 92.
Daqui.

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