18/11/07

Liga dos Amigos do Hospital: 10 anos de voluntariado

Há 10 anos a trabalhar em prol dos utentes e familiares do Hospital Rainha Santa Isabel em Torres Novas, a Liga dos Amigos do Hospital faz um balanço da actividade. Os objectivos continuam os mesmos, mas faltam voluntários e amigos para ajudar a concretizá-los.

A Liga dos Amigos do Hospital de Torres Novas está a comemorar 10 anos. Com escritura de Novembro de 1996, a actividade efectiva começou no ano de 97. Dez anos depois, os objectivos continuam os mesmos e actualizados: “Promover a melhoria do acolhimento global dos utentes do hospital, colaborar com os órgãos de gestão do hospital na dignificação do utente e defesa dos seus direitos e contribuir para a dignificação da actividade dos trabalhadores do hospital, através de iniciativas culturais, profissionais, sociais e desportivas”. Os estatutos mantém-se e, de acordo com a direcção, não precisam de ser alterados. E é com base nestes que surge toda a actividade da Liga, como explicou Manuel Ligeiro, presidente da direcção: “Partindo destes objectivos, as principais actividades da liga são o voluntariado, que é a parte nobre da liga e também a ajuda em medicamentos para pessoas que não têm capacidade de os obter. A liga, através de propostas do serviço social do hospital, suporta a parte que devia ser do utente. Além disso, apoiamos pessoas que saem do hospital, mas que precisam de uma alimentação especial. Comparticipamos metade da alimentação às pessoas que não a podem comprar, havendo excepções em que pagamos 100 por cento. Para as pessoas que podem pagar, fazemos a ponte para a adquirirem. Tudo com base nos pareceres dos serviços do hospital”.Voluntariado: a área nobre O voluntariado é, como diz Manuel Ligeiro, o trabalho “nobre” da associação e este acontece diariamente entre paredes do hospital, como explicou José Gasalho, coordenador de voluntariado hospitalar na Liga e vice-presidente da direcção: “Temos apoio permanente aos utentes nas consultas externas, fisioterapia, hospital dia e nas urgências. Fazemos uma ronda de contacto com as pessoas, abordando-as com um complemento alimentar. Atrás do café vem sempre uma palavrinha de conforto ou de auxílio”. Um trabalho prático que auxilia as pessoas também no entendimento dos serviços do hospital. Mas o trabalho de voluntário não fica apenas por aqui: “Elaboram periodicamente cartazes temáticos, conforme os dias comemorativos. Oferecem uma lembrança aos doentes internados que fazem anos, entre outras coisas”, continuou o coordenador.No entanto, para chegar a todo o lado onde gostaria, a Liga precisaria de mais voluntários: “Neste momento temos 30 voluntários na teoria e 19 na prática. Tem havido dificuldade de recrutamento face aos horários que praticamos. A disponibilidade das pessoas é fora do nosso horário e além disso estamos numa instituição e temos que nos sujeitar a todas as regras”. Ser voluntário hospitalar, garante José Manuel Gasalho é algo muito complexo e daí a dificuldade em angariar pessoas: “O voluntário hospitalar tem que ter um grande espírito de missão, disponibilidade e de estar disposto a servir. Tem que ter competência, disciplina e é preciso assumir um compromisso. Juntar todos estes factores não é fácil”.É portanto uma verdade que a Liga precisa de mais voluntários. Uma necessidade que aumenta, em simultâneo com os objectivos da liga: “Temos intenção de, sempre de acordo com os serviços, expandir os horários na urgência. Queremos cobrir o serviço das 8 às 24 horas, diariamente. Para isso queremos criar um grupo exclusivo para a urgência, que saiba estar e actuar naquele contexto. Hoje estamos só até às 17 horas”.Este trabalho dos voluntários, parecendo que não, significa um apoio a uma média de 22 mil pessoas ano. Em Setembro passado, um mês ainda calmo devido às férias, foram apoiadas 240 pessoas. No caso da aquisição da alimentação, em Outubro, foram ajudadas 11 pessoas.As exposições no átrio do hospital são uma das actividades mais visíveis da instituição, mas essas são organizadas por Isabel Moreira, uma voluntária que assume toda a logística.Amigos procuram-seMas nem só de voluntários para trabalhar precisa a Liga. Amigos também são bem-vindos: “Em vez de chamar associados, chamamos amigos e o papel do amigo é o papel que entender que serve melhor. Pode pagar só a quota, estabelecida em um euro por mês, ou pode colaborar com o trabalho que entender disponibilizar”, explicou Manuel Ligeiro. A Liga dos Amigos tem neste momento pouco mais de 300 sócios, um número que, para cumprir todos os projectos e sonhos da direcção, deveria ser muito maior.Liga apoia e é apoiadaA associação vive de alguns apoios, como o empréstimo da sede por parte da Câmara Municipal de Torres Novas no edifício do antigo hospital. Com o concretizar do projecto para a instalação dos Paços do Concelho no Convento do Carmo, a Liga deverá ficar sem sede, mas isso não preocupa para já o presidente da direcção. Mas a maior fonte de receita da associação é o Bar da Liga, situado no hospital: “O Bar da Liga é a melhor fonte de receita. Depois temos alguns donativos: há firmas que colaboram connosco e nos dão alguns materiais e fazem-nos a contabilidade de forma gratuita. Ajudas sem as quais a liga não subsistia, mas a receita do bar é a mais significativa”.Hospital equipadoOutra das vertentes da Liga é a aquisição de equipamento para o Hospital de Torres Novas. Um ar condicionado, um écran para as urgências e um elevador para transportar doentes foram alguns dos equipamentos que a liga já ofereceu ao hospital: “Quando os serviços pedem equipamentos, caso a direcção entenda que sim, a liga financia. Isto acontecia com a direcção anterior. Com esta ainda não está estabelecido. Neste momento, estamos a tentar limpar os “micróbios” da porta do hospital e queremos pôr guardas no precipício junto da entrada da Consulta Externa, para melhorar a segurança”, contou Manuel Ligeiro.Projectos não faltamMas não ficam por aí os projectos da Liga para um futuro próximo. Na área do voluntariado, Amélia Serigado fala da criação de um espaço para os filhos dos visitantes do hospital e de outro espaço de apoio a mulheres mastectomizadas. Manuel Ligeiro falou ainda da ampliação do bar, um projecto que terá que ser aprovado pela administração do hospital. Ideias há muitas mais, mas faltam condições para as tornar realidade: “A vida administrativa da liga corre com normalidade, dentro do nosso ritmo. Sentimos que era preciso aumentar o ritmo e para isso precisamos de mais amigos e voluntários para alargar os serviços em prol da sociedade”. A Liga tem tido sempre boas relações com a administração do Centro Hospitalar. Em breve irá apresentar-se à actual direcção, que tomou posse há pouco tempo, com quem espera manter o mesmo nível de relacionamento.Em ano de festa, a Liga realizou já algumas iniciativas comemorativas: “Acabámos de acordar um protocolo com o Montepio de Nossa Senhora da Nazaré, no sentido de proporcionar aos nossos sócios uma consulta de clínica geral. Fizemos também um protocolo com a firma “Os Donos do Amanhã”, em que esta se propõe colaborar com a liga no sentido de comercializar um produto, cujos 25 por cento da receita, reverterão para a liga”, concluiu Manuel Ligeiro.
Notícia daqui.

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