06/04/08

"Oito Locais na Moda Para Férias de Voluntariado"

Cada vez mais são os que procuram esta oportunidade para impulsionar a carreira, realização pessoal e aumentar conhecimentos culturais

Até ao ano passado, Tom Glassanos, um empresário de 52 anos de Bay Area, tinha estado envolvido na filantropia principalmente através de donativos a actividades de beneficiência. Contudo, uma mensagem de correio electrónico do seu filho de 17 anos, que continha uma ligação para um sítio na Internet denominado Cross-Cultural Solutions, começou a alterar a sua perspectiva de ver as coisas.

Este site, Cross-Cultural Solutions, apresentava oportunidades para se ser voluntário em 15 países, sendo que Glassanos ficou fascinado pela ideia de fazer voluntariado durante as férias. O seu filho não poderia ter enviado a mensagem numa altura mais apropriada, dado que a empresa de facturação electrónica privada de Glassanos, a Xign, tinha acabado de ser adquirida pela JPMorgan Chase. Assim, Glassanos estava livre para viajar com a sua mulher e filho para Rabat, em Marrocos, onde passaram um mês a realizar vários trabalhos de voluntariado durante a semana e a explorar o Norte de África aos fins-de-semana.

Ainda não se faz a monitorização do número de executivos americanos que trocam umas férias num hotel de 5 estrelas na Europa, por algumas semanas de trabalho como voluntário no estrangeiro, mas a verdade é que a tendência ganhou forma, quando importantes homens de negócios, como Bill Gates e Warren Buffett, chamaram a atenção para o poder da filantropia em nações com escassos recursos.Os executivos e os profissionais da saúde olham cada vez mais para as viagens de voluntariado como uma oportunidade de impulsionarem a carreira, de atingirem a realização pessoal e de aumentarem os seus conhecimentos culturais.

"Trata-se da forma como a vida de um voluntário é tocada pelos outros," diz Glassanos acerca da sua experiência a transmitir conhecimentos de informática e de gestão a mulheres marroquinas. "Deu-me a oportunidade de explorar o mundo e de ver o que era importante para essas pessoas."

Tendências das viagens boas para a alma

As viagens como voluntário não são um fenómeno novo; a Cross-Cultural Solutions começou a organizar programas de voluntariado internacional em 1995 e, claro que programas como os Peace Corps e o U.K. Volunteer Service Overseas há décadas que promovem o voluntariado no estrangeiro.

No entanto, a indústria das viagens está a reconhecer a existência de um aumento no interesse por férias que combinem o trabalho de voluntariado com circuitos de fim-de-semana ou imersão cultural. No ano passado, a CheapTickets e a United Way estabeleceram uma parceria para criarem uma ferramenta de pesquisa online que combinasse as ofertas de voluntariado com as opções de viagem.

Um inquérito realizado no final de 2007 pela Travelocity, a 1017 pessoas, descobriu que 17.7% dos inquiridos já tinham feito férias que incluíssem uma componente de voluntariado ou filantropia. Entre essas viagens, as mais populares eram as que se centravam em temas como a preservação ambiental, a educação e a saúde.

Porquê e Como Ir

A maioria dos “volunturistas" prefere as viagens filantrópicas às férias tradicionais, sendo que os executivos não são diferentes. Frequentemente, têm esperança que a experiência vá definir ainda mais a sua carreira, segundo Dava Antoniotti, Director das inscrições no programa da CCS.

"Muitas pessoas estão habituadas à rotina diária e começam a questionar a direcção que o altruísmo está a tomar nas suas carreiras," diz Antoniotti. Ela refere que alguns executivos não raras vezes sentem-se mais realizados com estas viagens do que a doar dinheiro, sendo que muitos também levam as suas famílias.

Para onde é que iria fazer trabalho de voluntário e porquê?Pondere.Com diversas empresas a patrocinarem viagens de voluntariado, há inúmeras oportunidades para abarcar os interesses profissionais ou pessoais de cada um. A i-to-i, uma empresa de voluntariado internacional, oferece programas como dar treinos de futebol na Tanzânia ou ensinar Inglês na China. A uVolunteer envia os viajantes para o Equador para ajudar ao desenvolvimento comunitário da população indígena da floresta tropical da Amazónia, enquanto os profissionais dos meios de comunicação e do desenho gráfico trabalham em projectos editoriais na Bolívia.

Uma história de sucesso

John Wood, um antigo executivo da Microsoft, viajou até ao Nepal em 1998 sem intenções de desenvolver qualquer tipo de trabalho de filantropia. Mas um encontro com um Responsável de Recursos de um Distrito Escolar que lamentou a falta de recursos educacionais na região fez com que Wood mudasse de ideias. No ano seguinte, fundou a Room to Read, uma organização sem fins lucrativos que construiu escolas e bibliotecas no Sudeste Asiático e África do Sul.

"Actualmente, o cliché é prosperidade com um propósito," refere Wood, "e naquela altura eu não sabia qual era o propósito." Actualmente, a organização de Wood oferece viagens a voluntários, incluindo funcionários da Accenture e PepsiCo (dois grupos empresariais que prestam apoio financeiro à Room to Read) para fazerem visitas às escolas.

Antoniotti afirma que diversas empresas contactaram a CCS no sentido de alargarem as viagens de voluntariado aos seus funcionários. Entre os actuais parceiros da CCS incluem-se: a Salesforce, a The Cartoon Network e o AIO Group.

"Estes parceiros encorajam os seus funcionários a viajarem, porque vivemos numa comunidade global," diz Antoniotti. “É necessário que tenham um determinado nível de conhecimentos culturais, que saibam trabalhar em equipa ultrapassando as barreiras linguísticas. Isso também é uma óptima vantagem.”

Os preços variam bastante mediante o destino e os serviços prestados pela organização, que podem ser tão básicos como partilhar uma casa com uma família de acolhimento ou viver numa casa propriedade da empresa que tem pessoal local. Normalmente, os pacotes também não incluem o preço do bilhete de avião.

Antes de escolher qual o programa, Charlotte Hindle, autora do livro Volunteer: A Traveler's Guide to Making a Difference Around the World, refere que é importante ponderar acerca das implicações éticas da sua viagem de voluntariado.

"Certifique-se de que não está a roubar o trabalho a nenhuma pessoa local," afirma a autora. "As pessoas só vêem os aspectos positivos do voluntariado e pensam que vão realmente ajudar. Mas isso não é necessariamente o caso.”

Notícia daqui.

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