26/10/14

Não ter medo de servir os outros



Numa altura em que a maior parte dos adolescentes e jovens já se encontra de férias e procura as mais variadas formas de ocupar o tempo livre, por vezes parecem faltar alternativas para essa ocupação... ou pelo menos vontade de as arranjar.

A tendência geral parece apontar mais para o permanecer em casa, para dar um uso mais intenso aos equipamentos tecnológicos, substituindo o contacto e as relações pessoais, com o que isso implica em termos de desumanização da sociedade, para uma utilização do tempo sem grande preocupação de desenvolver uma actividade concreta.

É verdade que os tempos de pausa fazem falta, que a quebra das rotinas e dos ritmos acelerados dos outros meses do ano deve acontecer e fazer-se sentir na vida de cada um. Mas, porque não sair desta situação de conforto e comodismo pessoal e tentar conciliar esta vertente com a ocupação de parte do tempo de cada um em prol dos outros? Para os adolescentes e jovens, em altura de férias escolares, esta é uma boa opção.

E alternativas não faltam... é uma questão de ter vontade de as procurar.

Porque não aproveitar uns dias ou semanas de férias para fazer um pouco de voluntariado, preparando-se devidamente para essa tarefa? Passar um tempo numa instituição que acolhe deficientes, crianças ou idosos, acompanhar crianças numa colónia de férias, deixar o aconchego e conforto do lar preferindo o desconforto de quem passa mais dificuldades, seja no território nacional, seja noutro país. Estas são apenas algumas alternativas possíveis.

Talvez este tipo de vivência acabe por "criar raízes" e leve a pessoa a dedicar algum do seu tempo, durante o resto do ano, àqueles para quem uma palavra amiga ou uns momentos de companhia são algo muito especial e têm um valor incalculável.

Os testemunhos que se vão ouvindo de quem costuma participar neste tipo de actividades revelam normalmente que na vivência destas experiências se recebe muito mais do que aquilo que se dá (e não falámos aqui da questão monetária, até porque essas experiências muitas vezes acabam por comportar uma ou outra despesa...). No final desse período, a pessoa sente-se muito mais rica... enquanto pessoa... do que quando começou essa experiência.

Será que a partilha deste tipo de experiências é suficiente para convencer os mais cépticos? Um primeiro passo, uma primeira experiência, mesmo com alguma renitência inicial, é muito importante.

Neste campo, os pais ou encarregados de educação têm um papel importante, em termos de exemplo e de incentivo, nomeadamente se eles, enquanto adolescentes e jovens, tiverem participado em experiências semelhantes e transmitirem essa experiência aos seus educandos.

Além da questão de ocupar de forma saudável este período em que não existem preocupações escolares, estar ao serviço dos outros é uma oportunidade única e invejável de partilha de valores e ensinamentos e de troca de experiências.

Por isso, é importante não desperdiçar uma oportunidade destas. É importante perder a vergonha e não ter medo de ser diferente de uma maioria comodamente instalada (quem sabe se essa diferença acaba por contagiar mais alguém...).

Trata-se, tão simplesmente, de estar ao serviço dos outros, seguindo o exemplo de Jesus, quando, antes da crucificação, lavou os pés aos discípulos. Trata-se, tão simplesmente, de dizer "sim" ao seu apelo: "Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também" (João 13, 15).

Cláudia Pereira

Daqui. (Sublinhados nossos.)

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