01/10/07

“A vida está cheia de letras e de «letra»”

As Organizações Não-Governamentais internacionais vivem do voluntariado que envolve milhares e milhares de cidadãos do mundo. Homens e mulheres cuja filosofia de vida passa pela dádiva, pela ajuda, pelo dar. Ciclicamente aparece nos órgãos de Comunicação Social a palavra: PRECISA-SE VOLUNTÁRIO. Não é um emprego, é uma missão. Um caminho que José António Rosinhas vai percorrer até à Índia.

Portuense, 34 anos, licenciado em artes plásticas, chama-se José António Rosinhas e vai fazer voluntariado para a Índia. Mais do que cumprir um «sonho» vai “trocar saberes”… “porque acho que nós andamos cá com uma missão que passa pela ajuda. E nós podemos ajudar de várias maneiras, porque a ajuda não se divide em classes sociais, não faz parte de uma elite”. José Rosinhas desde muito jovem que sempre esteve sensível aos PRECISA-SE, porque “o que lê-mos nos jornais, ouvimos nas rádios e vemos nas televisões…sensibiliza-me, mas continuamos a almoçar, a jantar e esquecemo-nos. Mas eu não conseguia esquecer. Tinha que concretizar”. E meteu pés a caminho. Primeiro esteve como voluntário na Abraço, “em 95 quando abriu a delegação no Porto. Estive na organização de eventos e angariação de fundos. Mas o que eu queria era trabalho de campo. Ir para os hospitais…, mas nunca o consegui fazer. Foi uma lacuna. Ainda hoje sinto essa falha”. Por razões profissionais e académicas teve de deixar Abraço, mas nunca sossegou a vontade de ser voluntário. Depois de ter concluído o curso de artes plásticas e pintura nas Belas Artes /Porto, começou a trabalhar na Fundação de Serralves, onde está há nove anos. “Não em voluntariado, como se compreende, mas estar com crianças, jovens, a fazer visitas guiadas, oficinas…mas nunca sosseguei esta vontade de sair a terreiro e ir ajudar”. E foi num jornal que leu «PRECISA-SE», “para ONG HUMANA, que apesar de ter uma delegação em Portugal, é Dinamarquesa. É um projecto internacional que surge nos anos 70, sendo que hoje a sede internacional está em África, onde há o “problema”, mas tem delegações espalhadas pelo mundo”. Pelo mundo e pelo Porto, é que na Rua de Santa Catarina existe uma loja que vende roupa cuja receita reverte a favor da instituição.
Zâmbia, Moçambique e Índia, que são os destinos de todas as ajudas que a HUMANA angaria para o chamado trabalho de campo. Mas ser voluntário exige formação. Assim, e para que José Rosinhas possa concretizar a sua missão de ser voluntário na Índia, terá de passar quatro meses em Inglaterra, mas “primeiro tive de me inscrever. Estive presente numa reunião da HUMANA em Lisboa, preenchi um questionário onde expliquei as razões que me levam a querer ser voluntário. Voltei a reafirmar a minha vontade de ir para a Índia, e paguei o que é exigido…porque há duas etapas neste projecto: uma seria eu ir directamente para a Noruega, porque este movimento DRH (iniciais de três palavras dinamarquesas que querem dizer o Liceu Itinerante), compreende escolas que estão espalhadas pelo mundo e que nos vão preparar (aos voluntários, os ditos instrutores de desenvolvimento) para podermos trabalhar nesses três países. Podemos ir logo para a Noruega onde estaremos seis meses em curso, em aprendizagem e onde temos que atingir créditos, as etapas, os objectivos, porque é dessa forma que pagamos a nossa estadia e a nossa alimentação”. Essa aprendizagem passa por trabalhar em comunidade, saber um pouco de tudo: electricidade, serviço de trolha, lavar, passar a ferro, carpintaria, “também temos trabalhos teóricos, porque há uma base de dados via Net, onde incluímos os trabalhos teóricos que vamos fazendo, sobre a Sida por exemplo, que é um trabalho que espero vir a fazer na Índia, até porque é um dos países onde existem mais casos neste momento…a ideia é incluir um trabalho nosso nessa base de dados, um tema que ainda não exista e demonstrar a sua utilidade no país onde nos propomos ser voluntários. Temos de prender um pouco da história do país para onde vamos, a sua cultura e tradições, no meu caso vou aprender hindu”.“Há quem pense que ser voluntário é quase que uma saída para um emprego onde se viaja. Não é nada disso, é bom que as pessoas saibam que os voluntários se auto sustentam e se financiam. Repare, se eu quisesse ir directamente para a Noruega e depois para a Índia, tinha de ter a pagar já cinco mil euros. É que a organização não tem verbas para pagar às centenas de voluntários. Como não os tenho, e como considero que é importante passar por todas as fases, inscrevi-me numa bolsa de estudo, chama-se GAYA, vou estar a viver durante quatro meses em Inglaterra, vou trabalhar com pessoas de várias nacionalidades…e o que fazemos é entregar panfletos de porta-a-porta, mil por dia, é um dos objectivos que temos que atingir porque temos de fazer 40 sacos de roupa por dia. E é isso que paga as minhas despesas em Inglaterra (alojamento e alimentação), porque a viagem para lá sou eu que pago. Depois para a Noruega e de lá para a Índia e da Índia para a Europa, aí já é a organização que paga, sendo que eu tenho de trabalhar para isso. Eu nunca recebo dinheiro, eu e os outros trabalhamos para créditos. Decidi fazer esse programa e para isso paguei 380 euros, que é a propina. Depois de quatro meses em Inglaterra, mais seis meses na Noruega… parto para a Índia. Aí sim vou receber em dinheiro, 150 dólares por mês, para o alojamento e comida.” “Na Noruega vou estar numa casa, onde vou ter de trabalhar num projecto que pode já existir como pode ser de ideia minha, tem é que ser sempre útil para onde vamos. Temos lá um professor e um responsável que vai gerir a equipa. Mais uma vez temos de atingir créditos para depois sim irmos para o trabalho de campo, no meu caso, Índia”.E é na Índia que José Rosinhas vai estar seis meses, como voluntário, quase que na pele de «embaixador» de Portugal, ajudando no que for preciso, mas “se for possível na sensibilização do HIV, até porque já tenho experiência da Abraço, aí seria mesmo a concretização do meu objectivo de vida, nesta altura. Dar apoio hospitalar, ir às escolas, apoio domiciliário…enfim, quero ajudar, quero ajudar-me”. José Rosinhas parte agora no início de Outubro e só regressa em 2009. Boa sorte…
Objectivos da Associação Humana
A Associação tem por objectivo a ajuda humanitária internacional em países e comunidades em vias de desenvolvimento, mediante a concepção, a execução, e o apoio a projectos e programas de carácter social e, designadamente, através de acções:
De auxílio em situações de emergência e auxílio a catástrofes; nomeadamente ajuda a vítimas da fome, de guerra, de catástrofes naturais, de desastres nucleares, pragas e outros cataclismos; assistência no realojamento de pessoas e na reconstrução das áreas atingidas pelos desastres e acidentes referidos;
De desenvolvimento; auxílio às nações mais pobres e às populações mais pobres, nomeadamente mediante a promoção de iniciativas de auto-desenvolvimento; a realização de todo o tipo de projectos a nível mundial, incluindo nomeadamente, escolas, clínicas, mini-bancos, agricultura e de pequena indústria;
De Protecção e Defesa do Meio Ambiente; nomeadamente através de defesa dos elementos da atmosfera em risco, da defesa do solo, da fauna e da flora; mediante acções de protecção para preservar rios, o mar e as florestas e da execução de projectos de qualquer tipo destinados a proteger o habitat natural da Terra;
De pesquisa e desenvolvimento para prossecução das actividades supra referidas mediante o desenvolvimento de métodos e de sistemas para a respectiva implementação, mediante a realização e a distribuição ao público de material informativo contendo conhecimentos básicos e informação específica acerca das actividades acima indicadas, a realização de materiais educativo e informativos para a organização de escolas destinadas a participar nas actividades referidas.
De construção da organização; para servir o público em geral de forma a possibilitar a sua participação nas actividades da associação; a criação de instalações educacionais para o treino de pessoal e de voluntários; a formação de membros da associação, a instiruição de grupos de apoio e a criação de uma rede mundial de colaboração e activistas;
Todas as acções serão realizadas com objectivos exclusivamente caritativos e educacionais.

Notícia daqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá a todos, foi com espanto que li este Post, mais propriamente por se Tratar da Humana. Não sei se estamos a falar da mesma (dita) ONG, se for outra peço desculpa! Seria bom procurarem um pouco pela net sobre o que se passa com esta organização, os processos judiciais que tem às costas e a exploração que faz dos seus ditos voluntários. Pensei que esta situação da humana já estivesse encerrada.

vejam estes links:
http://www.mail-archive.com/direitos_humanos@yahoogrupos.com.br/msg01631.html

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=762818

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=762839